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Afrofuturismo no Design de Interiores

21 de novembro de 2018 Comments (0) Visualizações: 2779 Materiais e Revestimentos, Tendências

Uma tendência com muita identidade

O design, assim como a arte, é um instrumento utilizado em diversos âmbitos para interferir na cultura refletindo-a, estabelecendo e aperfeiçoando princípios e valores, ou talvez confrontando e recriando tais definições afim de acompanhar a evolução social.

Uma tendência próxima no design que adota estes fundamentos é o Afrofuturismo, um movimento estético, social e cultural que se apropria de aspectos tecnológicos, cósmicos e mitológicos africanos.

  

Fontes: Dossiê AfrofuturismoLina Viktor

É provável que você já tenha encontrado o movimento sem ter conhecimento, talvez na música, nos quadrinhos, no cinema, ou ainda na moda, artes plásticas e literatura, nos quais é representada uma conexão entre a história, a  ancestralidade e diáspora africana com a tecnologia e ciência, o novo e inexplorado.

Em resumo o afrofuturismo utiliza de elementos de ficção científica, realismo mágico e místico, com o objetivo de retratar os dilemas dos africanos e questionar e reinventar os eventos históricos do passado relacionados ao racismo global.

A origem do movimento é vinculada  à personalidade de Sun Ra, pseudônimo usado por Herman Poole Blount, compositor de jazz e filósofo cósmico. Na década de 30, através de seu pseudônimo, apresentações e composições, Sun Ra já indicava características do movimento, como a conexão entre referências místicas não-ocidentais, elementos pós-humanos e robóticos. Porém, a definição de Afrofuturismo foi descrita apenas em 1994 pelo crítico Mark Dery, em seu ensaio “Black to the Future”, que questionava a escassez de escritores negros de ficção científica naquela época, devido a exclusão e descaracterização da África propagada como exótica. Surgiu assim, a proposta de pensar em um futuro em que a essência afro esteja envolvida.

Atualmente no Brasil temos o exemplo do autor Fábio Kabral, criador de O caçador cibernético da rua 13 – romance que mescla crenças do Candomblé em um planeta tecnologicamente avançado. Mas na área visual este movimento vem ganhando força, dentre as aplicações mais conhecidas estão as revistas em quadrinhos e produção cinematográfica do filme Pantera Negra pela Marvel, além dos cenários criados por Es Devlin para o palco do The Weeknd no festival Coachella.

  • Filme Pantera Negra
  • Filme Pantera Negra
  • Filme Pantera Negra
  • Filme Pantera Negra
  • Cenário do Show The Weeknd Festival Coachella
  • Cenário do Show The Weeknd Festival Coachella
  • Cenário do Show The Weeknd Festival Coachella
  • Cenário do Show The Weeknd Festival Coachella
  • Cenário do Show The Weeknd Festival Coachella

Fontes: Black Panther e Es Devlin – The Weeknd

Além disso podemos citar artistas como FKA Twigs, Beyoncé e Rihanna como representantes na música pop, e os temas pós-industriais das músicas techno de Detroit de produtores como a Derrick May e Jeff Mills, e George Clinton.

Na estética do movimento é comum encontrar referências ao misticismo, primitivo e a mitologia africana, elementos com mood Sci-Fihi-tech elementos metalizados e espelhos, cores vibrantes em tons de laranja, azul e violeta e aspectos do jazz, ficção científica e psicodélica.

  

Fontes: Exposição AfrofutureMemorial do genocídio de Kigali de Mass Design Group e Cyrus Kabiru

São trabalhados ainda volumes com intimidação, madeira, cores terrosas e materiais naturais em referência à história da África. Peças curvilíneos e circulares por exemplo representam “o ciclo da vida”, remetem ao renascimento, morte e vida.

  • Cenário do filme Pantera Negra
  • Exposição “Afro-Tech e o Futuro da Re-Invenção”
  • Curta-metragem We Need Prayers: This One to Market
  • Esculturas do artista queniano Cyrus Kabiru
  • Cadeira Nyala do designer Jomo Tariku
  • Mobiliário de Atang Tshikare inspirado na mitologia africana
  • Mobiliário de Atang Tshikare inspirado na mitologia africana
  • Mobiliário com design africano da marca Mabeo
  • Pavilhão Serpentine inspirado nos costumes africanos de Diébédo Francis Kéré, arquiteto de Burkina Faso

Fontes: Sets de Pantera Negra,  Exposição “Afro-Tech e o Futuro da Re-Invenção”,  Curta-metragem We Need Prayers: This One to Market ,  Esculturas de Cyrus KabiruCadeira NyalaAtang TshikareMabeo Furniture e Pavilhão Serpentine.

Por fim, percebemos que o movimento instiga mudanças sociais necessárias e inspira o envolvimento do design em causas como esta, possibilitando o emprego de seus conceitos e permitindo sua expansão.

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